"Amigos? Seus amigos? Se trancar eles em um quarto sem comida por uma semana...aí vai ver o que é amigo!"
Recentemente, fui apresentada à uma obra prima que pra mim reúne aspectos essencias: boa história, releitura da realidade e pitadas de humor inteligente. São esses três ingredientes que fazem de MAUS um livro inesquecível, que retrata a dura realidade vivida pelos judeus durante o Holocausto de uma maneira delicada, intrigante e sensível, tocando fundo o coração até dos menos enternecidos.
Em uma narrativa direta e irreverente, Art Spiegelman relata a experiência vivida por seu pai, Vladek, em Auschwitz durante o Holocausto. Um relato duro e comovente, recheado de sentimentalismo e emoção e generosas doses de bom humor. E o melhor de tudo isso, especialmente pra mim, é o fato de a obra ser toda escrita no formato de quadrinhos! Uma verdadeira delícia, que não poderia ter sido feita de outra forma.
MAUS é desenrolado em diálogos diretos entre pai e filho, entre o presente de Art como escritor de quadrinhos e seu desejo em relatar a história de Vladek e imensos flash backs com narrativas impressionantes e profundas, de uma época que a maioria gostaria de esquecer. Repleto de ação, fugas quase impossíveis, encarceramento, sofrimento e também de muito amor, MAUS descreve os fantasmas do Holocausto e toda a trajetória de horror que Vladek e sua família viveram. A maioria das histórias relatadas são tão tocantes que parecem irreais, à respeito da sobrevivência do pai do autor.
Descrevendo detalhadamente as atrocidades cometidas pelos nazistas nos campos de concentração, os relatos da frieza durante o extermínio racionalizado dos judeus são impressionantes. O objetivo principal do Holocausto era exterminar o maior número de pessoas, com o menor custo e em pouco tempo. Vladek e sua família tentavam de todas as maneiras burlar as leis nazistas e salvar as próprias peles. O resultado foi a perda quase total da família, porém um amor puro e sincero sobreviveu à crueldade dos acontecimentos, e no final é relatado, o encontro de Anja (mãe de Art) com seu marido Vladek, depois de anos separados e sobrevivendo aos mais variados tormentos.
O livro ganhou o PRÊMIO ESPECIAL PULITZER em 1992. Esse prêmio reconhece pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e música.