PERIPÉCIAS DE UMA MENTE INSANA

Eu sei que esse é só mais blog, dentre milhares que existem por aí. Com certeza ele não é o mais interessante, muito menos o mais bem feito e bem escrito. Eu sei também que ele é escrito por uma pessoa comum, como milhões que estão espalhadas nesse planeta. Sinceramente, não vejo nenhum motivo forte que possa convencê-lo a ler esse blog. Talvez quando eu descobrir, eu te conto.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

amanhã ou depois, tanto faz se depois for nunca mais.


A menina que tinha em si todos os sonhos do mundo, já não era mais a mesma. Na sua cabeça, o pensamento que insistia em ganhar força, gritava: 
- " A relação de vocês enfraqueceu de uma maneira apavorante! Você não tem mais forças para recuperar o que sentia por ele! Você não sabe como, nem quando isso aconteceu e nem o que fazer pra reverter essa situação, mas não dá mais pra continuar nessa aflição!" 

Então a menina foi ficando cada vez mais confusa, triste, quebrada, como se nada do que vivera até então tivesse realmente algum sentido.

No entanto, sem precisar de muito esforço, ela conseguia recordar exatamente quando tudo isso começou. Ah sim! O encanto se quebrou naquele dia, naquele fatídico dia em que inventou de mexer onde não devia (ou, afinal, merecia?) e encontrou a maior decepção da sua vida até então. Não foi a maior dor, nem a maior raiva, nem a maior tristeza. Porém, certamente, a maior decepção. A menina lembra bem do que sentiu naquele momento, e por lembrar-se tanto, acabou por nunca esquecer. Ouvira certa vez, numa história muito bonita - e como uma boa história bonita, muito triste também - que existem detalhes na vida que marcam pra sempre. E isso ela sabia muito bem! Seu castelo de areia não fora construído em fortes alicerces, mas era sustentado por esses detalhes. Assim como os sonhos da menina, que eram grandes, do tamanho do coração dos dois, e que mesmo assim um pequeno detalhe os destruiu. E depois desse detalhe letal (e por quê não profético), como num conto de fadas o encanto se quebrou, a menina voltou a gata borralheira e ele deixou de ser tudo aquilo que ela sonhava.

No início parecia um erro acreditar que ele poderia ser tudo aquilo que ela sonhava. O resto do mundo dizia não, mas a menina foi corajosa e enfrentou tudo de cabeça erguida, com o coração transbordando de amor. A vida impunha obstáculos, mas a determinação ou a teimosia da menina não permitiram que ela fraquejasse... ele já era frágil, se demostrasse fraqueza nenhum dos dois chegaria a lugar algum. A menina foi destemida, insistente, fraca quando ele já estava forte. Deixou-se levar e o conduziu junto com ela. Dizia todos os dias para o seu coração:
- "Achei! Achei! Finalmente! Quero viver tudo, quero viver agora, ontem, eternamente! Não preciso mais procurar, tenho certeza que o encontrei!"

Dia após dia, construía um pedacinho do seu castelo, e encerrava nele todos os seus medos, suas angústias, deixava esquecido lá dentro as vontades que tinha. Achava estranha a maneira como ele se comportava, mas respirava fundo e seguia em frente. Projetava o que seriam um para o outro, mesmo sem ter certeza se um dia seriam tudo aquilo de fato. Tentando deixar seus dias mais alegres, retirava os espinhos e tentava impedir que as flores murchassem. Não sabia muito sobre a vida dele, mas acreditava que isso não era o suficiente para fazê-la desistir. Tinha dúvidas, mas as deixava de lado quando percebia o quão longe fora, e o quão difícil seria voltar atrás.

A menina que tinha em si todos os sonhos do mundo nunca entendeu porque ele escolheu seguir por um caminho diferente do dela. Nunca compreendeu porque ele decidiu viver em um universo diferente daquele que os dois compartilhavam. E por não aceitar a maneira como ele destruiu o seu castelo e livrou-se das suas lembranças durante aquele trágico "detalhe", um dia resolveu fazer o mesmo. Não importava mais para a menina o que os dois foram ou o que poderiam ser um dia, importava o que eram agora. Ao refletir sobre isso, com o coração sereno, ela sabia que agora eles são como dois pedaços de papel, voando no vento da incerteza em direções opostas.