De que valem os ouvidos se não houver atenção
De que valem os olhos sem as paisagens
De que vale o vento sem uma direção
Pensar na ida sem a viagem
De que vale o amor sem alguém pra amar
Falar em Deus sem acreditar
De que vale o Sol sem chover, só não me sinto só com você
Segue a vida.
Nunca compreenderei porque insisto em usar as palavras sem refletir em seus reais significados. Por que teimo em enfrentar a realidade, costurando com palavras bonitas o que já está tão esfarrapado que não aguenta sequer o peso das minhas decisões.
De que vale um amor sem o combustível da paixão? Fica estagnado, secando ao Sol como um bloco de pedra, inanimado. Parece que me arrancaram um pedaço, e ao mesmo tempo, me deram um bom motivo pra continuar sorrindo. Sim, eu realmente acreditei que seria pra sempre. Não só acreditei, como fiz força pra que isso se tornasse minha verdade absoluta. Quem acompanhou a nossa história sabe do que estou falando. E mesmo todo esse esforço não foi o suficiente. Será que o amor tem prazo de validade? Será que algum dia eu realmente amei alguém? Em alguma época da minha vida, compartilhei sentimento tão nobre como o amor? Ou simplesmente me acostumei a usar erroneamente as palavras? O que acontece comigo, afinal?
Um turbilhão de sentimentos, que me invade todas as manhãs. Ansiedade. Expectativa. Culpa. Desejo. Vontade de ficar perto. Vontade de que nada disso estivesse acontecendo. Vontade de ignorar e esquecer tudo. Vontade de jogar tudo pro alto e tentar novamente. Dúvidas que permeiam a minha caminhada. São elas que me arrancam dos sonhos, da vida de ilusão que eu insisto em tentar viver.
Só eu sei o quanto desejei não viver essa situação, o quanto almejei que dessa vez fosse diferente contigo. Mas não foi. Me convenço de que nunca vai ser, nem contigo e nem com ninguém. Isso porque procuro fora de mim o que me falta dentro. Queria muito que fosse você e nós dois sabemos disso. Porém, o coração é aquele que, por mais que eu tente, não consigo enganar nunca.