Não faz muito tempo que ouvi essa frase de um garoto. De um homem, mais precisamente. Aliás, não há definição concreta pra certas pessoas, e ele é uma dessas pessoas, já que as linhas de divisão são muito tênues nesse tipo de personalidade. Mas enfim, no pé daquela nossa conversa, custei a entender o real significado da frase, ou o que ele tentava me transmitir com ela. Após algumas "experiências", passei a entendê-la perfeitamente e inclusive perceber o quão próximo com a realidade ela estava. A primeira vez é sempre estranha...
Escrevo desde que me conheço por gente, ou desde que as ideias começaram a se 'alinhar' na minha mente. Expôr minhas ideias no papel me parecia algo vital, e com certa idade, tornei-me totalmente dependente de papel e caneta. Tenho mais de 9 diários, cronologias perfeitas, escritos de 'cabo a rabo', cheios de anotações, frases de efeito, letras de música e, principalmente, cheio de mim. Os anos passam e eu não abandono nunca o efeito milagroso que os diários exercem em minha personalidade. Mais do que uma necessidade de registrar as minhas experiências, eles servem para que eu descarregue todas as aflições, medos, alegrias e inseguranças que uma adolescente/adulta pode ter.
Talvez tu penses que eu sou muito nostálgica e acabo prendendo-me demais ao passado. Pode ser. Ontem mesmo, em uma roda de amigos, me salta os ouvidos a frase de um deles : - "Não gosto de lembrar-me do passado, não preciso disso, se já passou não vejo necessidade de recordar." Me deu uma certa inveja... acredito que gente desapegada, como esse meu amigo, tenha uma vida, digamos, mais leve, pois segue seu caminho sem o peso das recordações. De repente eu mude isso em minha personalidade, como as inúmeras coisas que já modifiquei. Essa é a magia de ser humano: poder moldar-se da maneira que preferir.
Meus diários seguirão guardados, e agora conto com essas ferramentas maravilhosas: internet+comunicação sem fronteiras. Posso me expressar de uma maneira mais moderna, e o que é melhor, compartilhar meus pensamentos com quem quiser e tiver paciência de acompanhá-los. Está cada vez mais difícil encontrar pessoas que compartilhem, seja o que for. Se ninguém tiver interesse no que eu escrever, não tem problema. Meus diários, como bons diários, são escondidos a sete chaves mesmo.